domingo, 17 de junho de 2012

Um reflexão em tons de Medo...

Medo...que te instalaste qual sem-abrigo na cave da minha alma, sem pedir licença ou pagar renda...
Que criaste um Mundo só teu neste lugar, durante anos, esculpido e trabalhado com perfeição
Medo...que te conheci jovem, foste envelhecendo com mais requintes de inquilino vitalício
E ousaste reclamar direitos que nunca foram teus mas aos quais cedi, pensando que um dia partirias
Medo... tentei esquecer a tua presença, mas não consegui deixar de ouvir os teus passos inquietos
Num ritmo desconcertante, alinhado com o passar das horas das madrugadas e dos dias incertos
Medo...hoje acordei de novo com o teu assobiar em tom de adagio, ressuscitando as insónias
Mas não fiquei na cama à espera que adormecesses...
Vesti o roupão, calcei os chinelos, acendi a luz...e desci até à tua cave...
Apanhei-te de surpresa, a passar a tua roupa a ferro. Nem esperei que dissesses algo. Abri as portadas que dão para a rua, deixei o Luar entrar e convidei-te para vires tomar um chá...após o qual te entreguei uma carta de despejo, por uso indevido de espaço e usurpação de lugar alheio! Não te dei nem mais um dia... Chamei um táxi e nem esperei que desaparecesse no horizonte....Virei costas e fui arejar aquele local, esquecido pelo tempo e favorito dos aromas bafientos. Agora há que dar novas cores a esta minha cave...e enchê-la com novas moléculas de Vida!

Mikashi




2 comentários:

  1. Quem não é bem-vindo, e ainda por cima nem renda paga: pontapé no traseiro e toca a bulir.

    Sem direito a reclamações, recursos e essas coisas. :)))

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  2. Adorei amiga, revi-me neste texto...nos meus medos e no medo que tenho deles. A alguns já dei ordem de despejo, outros ainda me ocupam sem pagarem renda e sem autorização. Mas um dia....um dia, vou expulsá-los sem contemplação.
    Bjns e continua a escrever que eu gosto de te ler....sem medo algum!

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