SUBIR PELO LADO QUE DESCE (retirado do Facebook)
Viver é subir uma  escada rolante pelo lado que desce.  Ouvindo esta frase, imaginei  qualquer pessoa nessa acrobacia que as crianças fazem ou tentam fazer:  escalar aqueles degraus que nos puxam inexoravelmente para baixo.  Perigo, loucura, inocência, ou uma boa metáfora do que fazemos  diariamente?  Poucas vezes ...me deram um símbolo tão adequado para a vida,  sobretudo naqueles períodos difíceis em que até pensar em sair da cama  dá vontade de desistir. Tudo o que quereríamos era taparmos a cabeça e  dormirmos, sem pensarmos em nada, fingindo que não estamos nem aí…   Porque Tanatos, isto é, a voz do poço e da morte, nos convoca a cada  minuto para que, enfim, nos entreguemos e acomodemos. Só que acomodar-se  é abrir a porta a tudo aquilo que nos faz cúmplices do negativo.  Descansaremos, sim, mas tornando-nos filhos do tédio e amantes da  pusilanimidade, personagens do teatro daqueles que constantemente  desperdiçam os seus próprios talentos e dificultam a vida dos outros.  E  o desperdício da nossa vida, talentos e oportunidades é o único débito  que no final não se poderá saldar: estaremos no arquivo-morto. Não que  não tenhamos vontade ou motivos para desistir: corrupção, violência,  drogas, doença, problemas no emprego, dramas na família, buracos na  alma, solidão no casamento a que também nos acomodamos… tudo isso nos  sufoca. Sobretudo, se pertencermos ao grupo cujo lema é: Pensar, nem  pensar… e a vida que se lixe.  A escada rolante chama-nos para o fundo:  não dou mais um passo, não luto, não me sacrifico mais. Para quê mudar,  se a maior parte das pessoas nem pensa nisso e vive da mesma maneira, e  da mesma maneira vai morrer? Não vive (nem morrerá) da mesma maneira.  Porque só nessa batalha consigo mesmo, percebendo engodos e superando  barreiras, podemos também saborear a vida. Que até nos surpreende quando  não se esperava, oferecendo-nos novos caminhos e novos desafios.  Mesmo  que pareça quase uma condenação, a idéia de que viver é subir uma  escada rolante pelo lado que desce é que nos permite sentir que afinal  não somos assim tão insignificantes e tão incapazes.  Então, vamos à  escada rolante: aqui e ali até conseguimos saltar degraus de dois em  dois, como quando éramos crianças e muito mais livres, mais ousados e  mais interessantes.  E porque não? Na pior das hipóteses, caímos,  magoamo-nos por dentro e por fora, e podemos ainda uma vez… recomeçar. 
(Lya  Luft)
Quanto a mim, mesmo que tenha de gatinhar escada acima ou rebolar alguns degraus... continuarei a subir essa escada :) Mikashi
 
 
 
          
      
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Devagar e sempre!! E nunca desistindo da caminhada!! Lindo texto!
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