Cisne negro... um filme de Darren Aronofsky, com Natalie Portman no principal papel.
Um filme bastante pesado em termos de carga psicológica, com algumas cenas que levam os espectadores a arrepiar-se na cadeira, devido à brutalidade de algumas imagens. Talvez não fosse necessário tanta crueza mas talvez se assim não fosse, seria mais um filme sobre ballet. E mais um filme..não é de certeza...é uma visão que vai muito para além dos fatinhos e sapatilhas de ballet. É um filme que não deixa ninguém indiferente, sempre acompanhado por uma belíssima banda sonora, inspirada no original de Tchaikovsky.
Eu gosto de dicotomias...e este filme versa muito sobre a dicotomia branco e preto, o anjo e o espírito mais negro que vive em cada um de nós... A busca da perfeição pela técnica ou pela paixão interior. A repressão e a liberdade. O certo e o errado.
E o que mais me fascina nas dicotomias, é que elas na realidade não existem a 100% e quem acha que pode viver apenas no lado branco ou negro da vida, acaba por não sentir a vida em pleno ou fica cego pela escuridão. Na vida, não existem apenas dois lados...mas sim um cenário em vários tons e dimensões...
Cada um de nós tem uma alma que vai crescendo dentro de nós... é preciso saber deixá-la sair, brotar do nosso âmago mais profundo, sem ter medo de quebrar barreiras, fronteiras, partir janelas, pular telhados, soltar amarras... a nossa alma precisa desse lado mais negro para ser completo, para sentir a adrenalina, o sangue a correr mas precisa também do lado branco para não perder a serenidade, a paz que nos embala no turbilhão da vida, para não se enredar numa teia de loucura...para não acabar como aquele cisne...
Tal como o cisne branco precisou sentir as penas negras a tomarem conta do seu corpo para voar mais alto e numa perfeição arrepiante, precisamos muitas vezes de ter coragem para gritar ao mundo, para correr sem olhar para trás, para deixar a torre dos contos de encantar e atravessar o pântano até onde vive o dragão que atormenta os nossos sonhos...para descobrirmos que afinal dragões não existem (nota de humor: apenas no campeonato de futebol).
Convém é conseguirmos atingir um equilíbrio que não nos deixe balançar num abismo sem rede e cair na escuridão sem fim, unindo o lado negro que eleva mais alto os nossos desejos ao lado branco que ilumina os nossos dias...
Enfim, uma reflexão sobre a vida na sua infinita paleta de cores....
Mikashi
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