domingo, 6 de fevereiro de 2011

Black Swan - uma reflexão sobre o preto e branco numa mescla de tons

Cisne negro... um filme de Darren Aronofsky, com Natalie Portman no principal papel.

Um filme bastante pesado em termos de carga psicológica, com algumas cenas que levam os espectadores a arrepiar-se na cadeira, devido à brutalidade de algumas imagens. Talvez não fosse necessário tanta crueza mas talvez se assim não fosse, seria mais um filme sobre ballet. E mais um filme..não é de certeza...é uma visão que vai muito para além dos fatinhos e sapatilhas de ballet. É um filme que não deixa ninguém indiferente, sempre acompanhado por uma belíssima banda sonora, inspirada no original de Tchaikovsky. 

Eu gosto de dicotomias...e este filme versa muito sobre a dicotomia branco e preto, o anjo e o espírito mais negro que vive em cada um de nós... A busca da perfeição pela técnica ou pela paixão interior. A repressão e a liberdade. O certo e o errado. 

E o que mais me fascina nas dicotomias, é que elas na realidade não existem a 100% e quem acha que pode viver apenas no lado branco ou negro da vida, acaba por não sentir a vida em pleno ou fica cego pela escuridão. Na vida, não existem apenas dois lados...mas sim um cenário em vários tons e dimensões...

Cada um de nós tem uma alma que vai crescendo dentro de nós... é preciso saber deixá-la sair, brotar do nosso âmago mais profundo, sem ter medo de quebrar barreiras, fronteiras, partir janelas, pular telhados, soltar amarras... a nossa alma precisa desse lado mais negro para ser completo, para sentir a adrenalina, o sangue a correr mas precisa também do lado branco para não perder a serenidade, a paz que nos embala no turbilhão da vida, para não se enredar numa teia de loucura...para não acabar como aquele cisne...

Tal como o cisne branco precisou sentir as penas negras a tomarem conta do seu corpo para voar mais alto e numa perfeição arrepiante,  precisamos muitas vezes de ter coragem para gritar ao mundo, para correr sem olhar para trás, para deixar a torre dos contos de encantar e atravessar o pântano até onde vive o dragão que atormenta os nossos sonhos...para descobrirmos que afinal dragões não existem (nota de humor: apenas no campeonato de futebol).

Convém é conseguirmos atingir um equilíbrio que não nos deixe balançar num abismo sem rede e cair na escuridão sem fim, unindo o lado negro que eleva mais alto os nossos desejos ao lado branco que ilumina os nossos dias...

Enfim, uma reflexão sobre a vida na sua infinita paleta de cores....

Mikashi





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